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Somos gente de carne, osso...



... e sentimentos.

É o que mais escuto, quando falo sobre educação respeitosa. 

Isso também é muito comum, quando falamos sobre a Comunicação não violenta de Marshall Rosenberg, sobre educar sem palmadas, sobre manter o controle dos gritos, sobre disciplina positiva, sobre criar com apego... é a sensação de impotência que costumamos ter quando somos confrontados com essa alternativa e lembramos da realidade da nossa casa, do comportamento dos nossos filhos e da nossa rotina. "Gente, eu não consigo colocar nada em prática, sou gente de carne e osso!"

Realmente, não dá pra perder a realidade de perspectiva e fazer de conta que o mundo é cor de rosa. A vida real parece distante, muitas vezes, dessas pessoas descoladas que escrevem coisas incríveis e seus ensinamentos que traduzem o melhor dos mundos. É justamente por isso, por sermos gente de verdade, que não podemos nos culpar por não estamos sempre no nosso controle emocional nem usarmos sempre a melhor estratégia que aprendemos lá, na hora do "vamos ver".

Mas, por outro lado, também é nessa frase que está a chave para o nosso pontapé inicial rumo à educação que sonhamos oferecer às nossas crianças. Somos gente de carne, osso e sentimentos. Todos nós, inclusive os nossos pequenos.

Partindo do princípio do perdão, tanto para nossas culpas e limitações quanto para as dos nossos filhos, e do amor que nos envolve nessa relação com eles, podemos construir o fundamento para a melhor relação possível, a educação respeitosa.

Respeitamos a quem amamos, quando estamos em relações saudáveis. Aprendemos a respeitar os outros, pelo amor ou pela dor... alguém ensina, a vida ensina, aprendemos ou ficamos cada vez mais isolados no mundo.

O respeito que desejamos e oferecemos no nosso casamento, nas nossas amizades, no local de trabalho, nos relacionamentos com os adultos em geral, nem sempre é reproduzido com as crianças... e eles são gente de carne e osso, como nós.

Quando passamos a enxergar nossos filhos como pessoas que também desejam e precisam de coisas, que também têm expectativas e demandas, que também perdem o controle e se frustram, começamos a entender que a maioria dos comportamentos que julgamos inadequados são, na verdade, perfeitamente aceitáveis e a ver que não será pela força que encontraremos a melhor saída.

Podemos e devemos conversar mais sobre estratégias de educação respeitosa, numa perspectiva mais prática. O faremos.


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