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A culpa...

Nossa de cada dia!


O ditado diz que "ser mãe é padecer no paraíso", eu diria que ser mãe é padecer de culpa.

E eu tinha que escrever sobre ela, a dita cuja da culpa, antes de falar sobre qualquer outra coisa, justamente por isso.

A gente se culpa por ter engravidado fora de hora, por ter demorado muito pra engravidar ou engravidar cedo demais, por comprar muitas coisas, por não poder comprar tudo o que queria, por fazer igual às mães que um dia julgamos, por fazer diferente de todas que conhecemos... há sempre uma (uma?) "boa" razão.

Aí eu chego aqui e começo a falar uma monte de coisas sobre educar crianças, com a possibilidade de apontar o que não acho tão bacana e pronto, ela chega e senta no seu ombro. Bem você, que está lendo tranquilamente, aí do outro lado, e fez exatamente o que eu critiquei. Não!

A culpa pouco tem a ver com a realidade e não ajuda nada. Absolutamente nada.

Primeiro porque a cobrança por ter feito diferente não faz sentido: naquele momento nós fizemos o que sabíamos fazer, como dava pra fazer e o que a gente acreditava ser necessário fazer.

Gente! Não tem como cobrar da sua versão de ontem uma postura que depende daquilo que só "você de hoje" sabe, nem como esquecer do contexto geral em que estava naquele momento - o que é mais comum do que a gente pode imaginar nesse processo de juri interno.

Depois, porque dá pra observar o quanto essa cobrança de sermos sempre tão incríveis para nossos filhos é a principal responsável por não conseguirmos tanto do que desejamos.

Também não dá pra se encarar no espelho e exigir a perfeição, como se fosse algo verdadeiramente alcançável... precisamos nos perdoar.

A casa não irá funcionar como uma máquina, tentar fazer isso nos afasta de viver momentos deliciosos ao lado dos pequenos. Teremos culpa pela bagunça que ficou e pelo tempo de ser feliz que deixamos de viver.

Aquele "não" dito por nós, que trouxe o choro da cria amada, vai tentar nos colocar contra a parede, nos desenhando como a mais cruel das criaturas.

O medo das opiniões dos outros, quando o filho faz escândalo e se atira ao chão em público e a impotência em parar o sofrimento de quem chora inconsolável (e, claro, o vexame que vem de bônus) viram eco na cabeça da gente.

Tudo isso nasce na culpa e a alimenta, até que ela vira um monstro gigante que nos imobiliza.

Precisamos nos perdoar.

Acredito que tudo na educação parta do exemplo, a criança aprende mais nos observando do que quando ensinamos diretamente, então precisamos alterar a frequência para uma relação mais flexível entre a nossa expectativa e a realidade, entre o ideal e o real, que é o que vai possibilitar que estejamos mais leves, felizes e com mais amor próprio.

Se a culpa é a pedra no caminho, o amor é o princípio de tudo... mas isso é papo pra próxima vez.

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